Apaguem as luzes que a sessão irá começar. A edição nº 29 da Tudo éX Texto chega em julho não com cara de férias, pois queremos o melhor do conteúdo a oferecer. Mas, por que não falar das coisas boas da vida como o cinema? Eis que o conteúdo desse mês vem ligado não apenas ao lazer, mas às linguagens visuais.
Comecemos com a crítica de Renan Porto sobre Quarto Camarim, onde o cinema autor apresenta-nos a jornada da diretora Mel Queiroz em busca do tio que durante 27 anos que perdeu o contato, ou por bem não contatou mais a família, em busca do seu próprio feminino, da sua imaginação e sonho construídos na dessa cabeleireira e performance chamada Luma, de uma vida criada na realidade de São Paulo e redigida pela câmera da sobrinha e de Fabrício Ramos.
Para uma ótima trilha sonora é só conferir o ensaio do Tarik Alexandre sobre o estilo lo-fi e house em alta na plataforma do youtube. Nos apresenta a produção de um canal de música underground como uma rememoração dos discos e filmagens noventistas encorpada do chamado demônio meridiano, onde se mistura a inquietude e o exotismo entre sonho e realidade da vida nas cidades.
Ainda falando em tempos passados, segue a matéria sobre mukashi banashi os “contos de fadas” japoneses. O tipo de histórias que fluem ao longo do imaginário dos homens e que hoje, modificaram-se não apenas da oralidade mas ganharam nova estrutura na literatura e no cinema. Não sendo apenas fontes de entretenimento (como quando se contavam ao redor do fogo), mas contendo também intuito educativo e uma desconstrução dos aspectos maniqueístas das histórias ocidentais.
Saindo desses contos fantásticos, mas não esquecendo deles e deixando-os adormecidos no interior do nosso ser, a resenha do livro de Otto Winck, Cosmogonias, nos mostra que os aspectos fantásticos desse – ou talvez no plural – outro mundo extraordinário pode ser traduzido aos homens. As “vozes” chegam-no desveladas nas poesias registradas no livro, realidades que já deixaram de existir e outras que nos rodeiam.
A disputa de existir também está no mercado nacional, os contos do concurso Autoramente 2018 , agora editado em livro, são o resultado de muito esforço e trabalho, em parceria com a editora Hope. Não poderiam ter sido melhor escolhidas do que pelos próprios leitores da plataforma Luvbook, o livro 5 histórias interessantes que vão prender os próximos espectadores.
A coluna Leituras Xenólogas Ingrid Jakubiak realiza uma crítica sobre O Prometeu moderno, Frankenstein, sendo uma visão das da vida burguesa e das descobertas científicas da virada para o século XIX, a autora mostra sua visão de um feminino, não de si própria, mas da realidade, da natureza que envolve os científicos da época. Da ciência, que se espelha no passado, que manipula a natureza e que para eles seria descartável. Uma visão escurecida sobre o progresso e sobre a estrutura social que formava esses indivíduos.
Não poderíamos deixar de fora essa pegada nebulosa, noir. Temos outra autora, Amelia Pessoa, lançando aquela boa continuação que aguardamos sempre com um gostinho de quero mais (e pipoca), não deixem de conferir a parte dois do quadrinho pulp autoral KINGS CLUB, cheio de intrigas da protagonista da família de mafiosos Gambini.